Um estudo conduzido pelo Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP, trouxe resultados animadores sobre o uso do laser infravermelho como apoio no combate à esteatose hepática não alcoólica — o acúmulo de gordura no fígado, condição cada vez mais comum entre adultos.

A pesquisa acompanhou 20 homens obesos, entre 20 e 40 anos, durante dois meses. Todos receberam orientação nutricional e foram orientados a evitar bebidas alcoólicas. Dez deles fizeram exercícios físicos combinados com sessões de aplicação de laser; os outros dez seguiram apenas exercícios e alimentação orientada.

O que os pesquisadores perceberam pode abrir um novo horizonte de possibilidades.

Como a gordura vai parar no fígado

Segundo o pós-doutorando em Biotecnologia do IFSC, Antonio Eduardo de Aquino Júnior, a explicação é simples: quando ingerimos mais calorias do que gastamos, o corpo tenta armazenar esse excesso nas células de gordura. Porém, quando esse limite é ultrapassado, o organismo passa a acumular triglicerídeos no fígado.

É exatamente aí que surge a esteatose hepática não alcoólica, uma condição silenciosa que pode evoluir para inflamação, cirrose e até câncer.

Laser + exercícios = resultados mais expressivos

Durante o estudo, os voluntários treinavam três vezes por semana, por uma hora. Em seguida, metade deles recebia 10 minutos de aplicação de laser infravermelho, distribuído em quatro placas posicionadas no abdômen, quadríceps, glúteos e bíceps.

A combinação da luz com o exercício fez diferença:

  • Os participantes que receberam o laser apresentaram redução significativamente maior da gordura visceral.
  • Houve queda expressiva de enzimas hepáticas (TGP, TGO e GGT), responsáveis por indicar a saúde do fígado.
  • A diminuição chegou a 80%–90% maior do que no grupo que realizou apenas exercícios e educação nutricional.

Segundo Aquino, esse dado nunca havia sido relatado em pesquisas anteriores:
quanto menor a gordura visceral, menores os níveis das enzimas hepáticas — mostrando uma relação direta entre estética, metabolismo e saúde do fígado.

Além do fígado, outros marcadores também melhoraram

Os pesquisadores observaram reduções em:

  • peso corporal
  • gordura total
  • colesterol
  • LDL
  • triglicerídeos

Ou seja, os benefícios não se limitaram ao fígado: houve melhora geral na saúde metabólica.

Um possível aliado no tratamento da obesidade

Para o grupo do IFSC, a meta é oferecer uma alternativa adicional para quem luta contra a obesidade e seus desdobramentos. Hoje, os tratamentos disponíveis passam por mudanças de estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, cirurgia.

O laser não substitui essas abordagens, mas pode complementar o tratamento e aumentar a eficácia, especialmente para pacientes com acúmulo de gordura visceral e sobrecarga hepática.

A tecnologia já tem aval do Conselho Federal de Medicina, permitindo que professores de educação física utilizem lasers e LEDs em protocolos devidamente regulamentados.

Participação e apoio científico

O estudo foi conduzido sob orientação do professor Vanderlei Salvador Bagnato, com apoio do:

  • Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof/Fapesp)
  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • empresa MMOptics

O artigo completo foi publicado no periódico Journal of Obesity & Weight Loss Therapy.

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