A exploração sexual de crianças e adolescentes continua sendo uma das violações mais graves e silenciosas do país. Em períodos de grande circulação de turistas, como o Carnaval de Salvador, esse cenário tende a piorar. Por isso, a Plan International Brasil — organização conhecida pela defesa dos direitos de crianças e adolescentes, com foco especial na proteção das meninas — lançou uma série de ações voltadas à prevenção e conscientização.

Proteção reforçada durante o Carnaval de Salvador

Para esse período, a Plan International estruturou um ciclo de capacitação para profissionais da prefeitura e de outras instituições envolvidas no evento. Esses técnicos passaram por treinamentos específicos e, agora, irão às ruas orientados para identificar e combater situações de exploração.

A ideia é clara: informar, acolher e agir.

Além disso, a ONG se uniu à Grou Turismo para criar uma campanha de verão que se estende até março. A estratégia mira diretamente os turistas que chegam à Bahia, já que a vulnerabilidade de meninas e adolescentes aumenta nessa época.

Cerca de 100 profissionais do turismo receptivo foram treinados para falar sobre exploração sexual e estarão nas ruas usando mochilas, viseiras e bottons com mensagens de alerta e conscientização. A campanha também leva informação a motoristas de vans, ônibus e aos principais pontos de fluxo de visitantes — incluindo pedágios e hotéis.

Campanha “Números”: um choque de realidade

A Plan International também apoia a campanha “Números”, do Instituto Liberta, desenvolvida em parceria com o Childhood Brasil, Fundação Abrinq e Ministério da Justiça.
A proposta é direta: tirar a sociedade do estado de naturalização diante desses crimes e reforçar a urgência das denúncias.

A apresentadora Xuxa Meneghel é uma das embaixadoras da causa. A campanha traz dados duros — e muitas vezes desconhecidos pela população — para incentivar o uso do canal de denúncias Disque 100.

Quando a responsabilidade é invertida

Apesar de ser crime e ferir profundamente os direitos humanos, muitos homens ainda tentam justificar a exploração sexual infantil com argumentos que não resistem a um segundo de reflexão.

“Eu não sabia que ela era menor”,
“Ela se ofereceu”,
“Eu ajudei financeiramente”…

Nenhuma dessas frases tem fundamento. Crianças e adolescentes não têm maturidade emocional ou cognitiva para consentir nesse tipo de relação.
Essas narrativas apenas reforçam a desigualdade e a violência a que milhões de meninas e meninos seguem expostos.

Os dados que revelam a dimensão do problema

  • Estima-se que 500 mil crianças e adolescentes sejam vítimas de exploração sexual no Brasil.
  • Apenas 7,5% dos casos chegam a ser denunciados.
  • A cada 24 horas, pelo menos 320 crianças são exploradas sexualmente.
  • Existem cerca de 2.000 pontos de exploração catalogados nas rodovias federais, segundo a Polícia Rodoviária Federal (2013/2014).
  • Os números equivalem, simbolicamente, a seis estádios do Maracanã lotados apenas de vítimas.

Os dados são calculados com base nas denúncias ao Disque 100 entre 2012 e 2015 (36.151 registros), cruzados com a estimativa de subnotificação apontada pela Pesquisa Nacional de Vitimização (SENASP/DATAFOLHA/CRESPI).

Sobre a Plan International Brasil

A Plan International atua há mais de 80 anos no mundo e há 20 anos no Brasil, focada em construir um futuro mais justo para crianças e adolescentes — especialmente meninas, que enfrentam vulnerabilidades agravadas por questões sociais e de gênero.

Seus programas já beneficiam 1,5 milhão de crianças em 71 países.
No Brasil, são mais de 20 projetos ativos, impactando cerca de 70 mil crianças e jovens. A organização investe em educação, fortalecimento de competências, proteção, cidadania e oportunidades de trabalho para jovens.

A premissa da Plan é simples e urgente:
Garantir os direitos de crianças e adolescentes não é escolha. É dever.

Site oficial: https://plan.org.br/

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